Lia Beltrão

Quem sou

Gosto de me apresentar a partir de uma pergunta que há muito me acompanha: gerar intimidade com nós mesmos — seja através de uma tradição contemplativa como o budismo, seja através de abordagens terapêuticas para lidar com trauma — pode de verdade contribuir na construção de uma sociedade que sustenta a vida e uma visão liberação para todos os seres?

Iniciei minha prática budista em 2006, quando ainda era estudante de jornalismo na UFPE, no Recife. O encontro com este caminho aconteceu no mesmo momento da vida em que eu também me perguntava sobre minha responsabilidade social e sobre o trabalho que gostaria de oferecer ao mundo. Comecei a trabalhar com projetos sociais e, paralelamente, mergulhei na prática espiritual. 

Em 2012, passei a viver e trabalhar em um centro budista, sob orientação próxima do meu professor, Lama Padma Samten. A partir daí, vivi em comunidades budistas durante os oito anos seguintes. Foi um tempo de completa imersão na prática espiritual e, junto com ela, no trabalho —  duro, diário, nenhum pouco romântico — de viver em coletividade e sustentar uma visão de mundo comum.

Durante este período conheci o trabalho de Joanna Macy — ativista, eco-filósofa e estudiosa do budismo e da teoria geral de sistemas — e minha admiração por sua coragem e lucidez me levou até o Chile para me tornar facilitadora do Trabalho Que Reconecta (TQR), metodologia desenvolvida por ela que tem sido aplicada em diferentes lugares do mundo há quase 50 anos.

Hoje, apoiada por esta metodologia, atuo como facilitadora de processos de transformação em grupo. No entanto, a visão de muitos outros professores influenciam o meu trabalho. Especialmente os ensinamentos sobre Caminho do Meio da Lama Elizabeth Mattis Namgyel – de quem traduzi dois livros; e as visões ousadas e práticas de budismo engajado de Kazuaki Tanahashi Sensei.

Ao facilitar o TQR e conhecer outros facilitadores, me dei conta da necessidade de aprofundar minha visão sobre trauma coletivo e sua relação com ação no mundo. Estou no terceiro ano da formação em Experiência Somática, abordagem terapêutica focada no trauma criada pelo Dr. Peter Levine.

Formação

Work That Reconnects Network

Minha formação como facilitadora do TQR aconteceu no treinamento intensivo conduzido por Adrián Villaseñor Gallarza, facilitador há mais de 12 anos e aluno sênior de Joanna Macy, mas não parou aí. Faço parte do grupo de desenvolvimento permanente de facilitadores do TQR (WTR Facilitator Development Group), sob orientação de Lydia Harotoonian e realizei a formação para facilitadores Spiral Journey, com co-facilitação de Molly Brown. 

Experiência Somática

Entrar em contato com as angústias e dores do nosso tempo — entre os quais está o perigo da nossa própria extinção enquanto espécie — pode tocar regiões de trauma individual e coletivo. Com a intenção de oferecer um espaço seguro para que esse contato aconteça, em 2020 dei início à formação terapêutica em Experiência Somática, uma abordagem para lidar com o trauma desenvolvida pelo Dr. Peter Levine. 

Filosofia Budista

Entre 2015 e 2016 eu vivi em Dharamsala, na Índia, e fui estudante dos cursos de Filosofia Budista e Língua Tibetana oferecidos pela Library of Tibetan Works and Archives, instituição fundada por S.S. Dalai Lama. Neste período também estudei por cerca de 8 meses no Instituto de Dialética Budista, em um curso oferecido pela Gueshe Kelsang Wangmo, e participei de retiros de estudo e prática com S.S. Dalai Lama, Mingyur Rinpoche, Lama Zopa Rinpoche, Jetsunma Tenzin Palmo, Gueshe Dordje Damdrul, Robina Courtin, Khadro-la, entre outros. 

Trabalho

o lugar

Sou uma das coordenadoras da comunidade de transformação o lugar onde também facilito o laboratório de auto-organização “Pensamento Profundo, Ação Eficaz”, uma experiência de espiritualidade engajada orientada por Kazuaki Tanahashi Sensei.  

Inochi

Tenho a honra de integrar a Inochi, organização sem fins lucrativos fundada por Kazuaki Tanahashi Sensei e Mayumi Oda dedicada a apoiar projetos de paz e sustentabilidade no mundo. Estou diretamente envolvida com um projeto de reflorestamento na região amazônica com patrocínio da Inochi e realização da Aliança Reflorestar da Amazônia. 

Bodisatva

Em 2017, assumi o desafio de retomar as atividades e relançar a Revista Bodisatva, fundada há mais de trinta anos. A Bodisatva se tornou uma plataforma de comunicação, com site com publicações semanais e é também uma editora de livros, além de ter se tornado uma cooperativa de trabalho. Atualmente, sou responsável pela edição de livros e gestão do projeto.

Tradução

Sou tradutora de dois livros da Lama Elizabeth Mattis Namgyel, “O poder de uma pergunta aberta” e “A lógica da fé” (ambos pela editora Lúcida Letra). Também traduzi, juntamente com Josiane Tibursky, o livro Nossa Vida como Gaia (Editora Bodisatva), de Joanna Macy e Molly Brown.